Hotel de lixo

Uma simples idéia tem rendido generosas cifras para o empresário amazonense Moisés David Bicharra. ‘Sem querer’ ele pegou um nicho de mercado que, além de gerar economia para a empresa, ainda atrai clientes de várias partes do Brasil e até do exterior por conta do apelo ambiental. Trata-se do hotel de selva Amazonfish Tourism, um complexo que inclui, entre outras coisas, quadra de futebol, vôlei, restaurante, bar molhado e chalés. Tudo isso construído com produtos reciclados, sendo as garrafas PET as matérias-primas principais.
 O hotel, de 25 hectares, está localizado à margem direita do rio Negro, mais precisamente no município do Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus). Esse é único ponto de referência que o proprietário admite informar, segundo ele, isso é uma estratégia para manter o hotel menos lotado possível, uma vez que a capacidade ainda é pequena. “Só recebo 100 pessoas. Quando lota, não tem mais como receber outros clientes. Essa é a nossa capacidade atual”, explicou Bicharra.
Um atrativo indispensável para a garotada, porém o que mais encanta as crianças, é a chegada ao hotel onde o proprietário faz questão de mostrar o viveiro, onde possui uma criação com varias espécies de peixes regionais e de todos os tamanhos. Um lugar mágico, onde poucas crianças têm o privilégio de ver de perto um pirarucu com mais de 2 metros de comprimento. Elas ficam ‘’loucas’’em ver como a natureza é exuberante, nessa hora pode perceber que os brinquedos do cotidiano são meros coadjuvantes e a atração principal fica por conta do espetáculo que somente a natureza pode proporcionar.
Para construir o complexo, que levou sete anos para ficar pronto, Moisés Bichara usou ainda outros tipos de material reciclado. Até mesmo o granito do piso do auditório para convenções e reuniões é reaproveitado. A madeira das estruturas das janelas é feito a partir de restos de alumínio e a tinta usada para pintar o telhado, que é de garrafa PET, é borra de material reciclado.
O mais curioso é que os chalés e as quadras de futebol ficam submersos, resultado da utilização das garrafas como uma espécie de ‘bóias’ de suspensão, a exemplo dos troncos de árvores que os caboclos amazonenses usam nas residências flutuantes.
Com tanta demora na construção, Bicharra não sabe sequer analisar o valor investido em cada detalhe do local. Talvez a resposta esteja na forma que ele encontrou para sair de uma vida ‘dura’ para hoje usufruir do produto de seu trabalho e persistência.